24 de out. de 2009

Latifúndio na terra e no ar

Se dependesse apenas de nossas elites, duas coisas nunca seriam feitas nesse país: a reforma agrária no campo e dos meios de comunicação. Mais de 75% das terras brasileiras estão nas mãos de apenas 800 mil proprietarios rurais, enquanto que os outros 4 milhões de estabelecimentos se concetram em apenas 25% dessas terras. O mais engraçado nisso é que 70% de tudo que está na mesa do trabalhador brasileiro tem origem nos 25% e não dos 75%, conforme comprovou o Censo da Agricultura Familiar.
Apesar da concentração absurda da terra, o latifúndio, agora, se uniu às grandes empresas transnacionais para abocanhar terras, águas e fontes energéticas, dando sustenção aos lucros de suas empresas ou da elite atrasada do campo. Enquanto isso os Barões da Mídia e o latifúndio não param de atacam o MST. O latifúndio além de não pagar suas dívidas agrícolas de seus financiamentos, impede que se atualize índices de produtividade do campo. Também grilam terras públicas, desmatam florestas para implantar o agronegócio e ocupam terras produtivas com produção de monoculturas de eucaliptos, cana-de-acuçar e soja para exportação e ainda apresentama agricultores sem-terra como criminosos via os barões da mídia.
Também se faz necessário a reforma agrária dos meios de comunicação do Brasil. Aqui, os barões da mídia, além de possuírem posição de partido político, com seus interesses e contradições, também agregam a concentração desses meios: rádios, jornais, TVs, Internet, e em vários Estados (PRBS), e ainda por cima fazem uma guerra implacável contra pequenas rádios comunitárias do interior do Estado. A saber: o governo Yeda, somente no ano de 2008, "investiu" mais de R$ 150 milhões de reais nesses barões para melhorar sua imagem. Esse dinheiro seria suficiente,por exemplo,para construir R$ 100 mil casas populares ou quem sabe, comprar mais de 26 mil hectares de terra na região de São Gabriel para fins de reforma agrária.
Me desculpem, mas não conheço nenhum agricultor que tenha comprado uma área do tamanho de Caxias do Sul apenas trabalhando. Aliás porque será que os latifundiários não gostam do Censo da Agricultura Familiar e nem de comparar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região serrana gaúcha com a região da fronteira, pra ver os benefícios da reforma agrária. Na serra há milhares de pequenos agricultores que em espaços de apenas 25 hectares produzem mais do que latifundiários da fronteira pobre e miserável de nosso Rio Grande.
Quem não enxerga isso e ainda dá discurso de elite, mas tem bolso de classe média baixa, deveria trabalhar na fronteira durantes seis meses apenas (será que tem emprego ?). Tenho certeza que a opinião sobre o que digo mudaria radicalmente.