7 de dez. de 2008

Sem Terra não é problema de meio ambiente

Oitocentas famílias foram selecionadas dentre 13 acampamentos do MST existentes no RS e serão assentadas em áreas desapropriadas pelo governo federal nos municípios de São Gabriel, Santa Margarida do Sul e Alegrete, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Ao contrário das lavouras de eucalipto da falida Aracruz , os assentamentos da reforma agrária trarão uma função social para às terras. Produzirão comida saudável para a população, movimentarão o comércio local e contribuirão no desenvolvimento social da população e da região. No dia 18 de dezembro, será realizado um ato público na fazenda Southall, em São Gabriel, para comemorar sua desapropriação e o assentamento das famílias. Assim como a fazenda Anonni, situada ao norte do Estado, a Southall será mais uma referência da reforma agrária para o país, colocando uma pedra no sapato daqueles que acham que os agriculores e agriculturas sem terra são um problema de meio ambiente, conforme afirmou Tarso Teixeira, presidente do Sindicato Rural de São Gabriel ao jornal Zero Hora deste Domingo (o7/12).

Eucaliptos, a Aracruz e o ouro de tolo

Provavelmente se a Aracruz tivesse adquirido a Fazenda Southall em São Gabriel, como já o fizera em dezenas de muncípios do RS — em muitos casos de forma ilegal e em nome de terceiro s em faixas de fronteira, conforme o próprio Incra denunciou — com o objetivo de plantar LAVOURAS DE EUCALIPTOS, a cidade estaria em maus lençóis neste momento. Segundo relato de vereadores e lideranças da região sul do Estado, a quebra da Aracruz teve efeito imediato naqueles municípios que apostaram nas forças do "mercado do eucalipto". Apavorados, sabem que a nova fábrica não sairá do "papel", portanto, haverá excesso de matéria prima para atual planta situada em Guaíba. O famoso O Horto Florestal da Fazenda Barba Negra, em Barra do Ribeiro (RS) — o mesmo ocupado por 2 mil mulheres da Via Campesina em março de 2006 — foi "desligado" e seus empregados demitidos. Aliás nenhuma crítica do meios de comunicação, nem mesmo um chiadinho dos arautos da grande mídia foi realizado sobre esse tema. Deveriam gritar, esbravejar, urrar contra o fechamento do horto, afinal tanto defenderam essa empresa aqui no RS. Além dos estragos sociais, econômicos e políticos também a política de meio ambiente foi afetada no estado, com a perseguição implacável de técnicos da Fepam que resistiram a determinação do governo Yeda de "liberar áreas " para a Aracruz plantar suas lavouras.