24 de nov. de 2009

DCE DA UFRGS: UM TROFÉU PARA ELITE

Por Miguel Idiart Gomes

O resultado das eleições de 2009 para o DCE da Ufrgs gerou um troféu para elite. No movimento estudantil sempre houve o debate sobre a partidarização e o aparelhamento das entidades estundantis. Nesta discussão, muitas vezes hipócrita, desgastaram-se gestões e desmobilizou a base. É sabido que estamos vivenciando uma nova etapa de lutas e formas de organização, mas não podemos deixar de mencionar que a maioria da militância estudantil está ligada a partidos políticos e isso não é ruim, pelo contrário, demonstra a liberdade do pensamento e de posicionamento e fortalece a democracia.

A ideia de grupos conservadores como a RBS e partidos tradicionais de direita sustenta um discurso baseado na despolitização, ou seja, tenta desvincular o DCE das lutas gerais que estão permanentemente em disputa na sociedade.

É assustador presenciarmos numa universidade pública o crescimento do discurso da direita da ideologia do anti-esquerdismo, também trabalhado várias vezes pelo Psol, como anti-petismo.
O papel da zh neste episódio ficará registrado na história do movimento estudantil, pois sempre foi destacado pela colunista política somente os encontros das juventudes partidárias de direita, as novas composições e lançamento de candidaturas com direito a fotos.

Hoje a matéria da página 08 da zh estampava o título: Guinada à direita – Esquerda perde hegemonia no DCE. Em Cadernos do Cárcere, Gramsci coloca que as práticas de construção e manutenção da hegemonia das classes dominantes, a importância das questões ligadas à direção cultural e moral que essas classes imprimem ao todo social. Esse estudo engloba as estruturas do Estado, enriquecendo-se com um novo conceito: o de aparelhos de hegemonia.

Para conquistar a hegemonia é necessário que a classe fundamental se apresente às demais como aquela que representa e atende aos interesses e valores de toda sociedade, obtendo o consentimento voluntário e a anuência espontânea, garantindo assim, a unidade do bloco social que, embora não seja homogêneo, se mantém, predominantemente articulado e coeso. Significando que a classe hegemônica deve ser capaz de converter-se em classe nacional, no caso estudantil capaz de envolver todos os estudantes em um mesmo projeto histórico e, capaz de assumir, como suas, as reivindicações das classes aliadas, devendo ficar bem claro, a incompatibilidade existente entre hegemonia e corporativismo.

Nesse sentido, o desenvolvimento da contra-hegemonia será necessário para desenvolver uma nova cultura no movimento estudantil, representado por lideranças de esquerda, em oposição à hegemonia da direita. Para isso a conscientização de que a superestrutura, tanto no campo dos valores e normas, como na visão de mundo, é o terreno da disputa, pois é na "arena da consciência" que as elites utilizam os seus intelectuais orgânicos para manter a dominação.

*Direção da JPT, ex-presidente do grêmio estudantil do Julinho, ex-vice-sul da UBES e ex-presidente do CASTA PUCRS. 24/11/2009

7 comentários:

  1. Parece que a Direita, que já tem os aparelhos de Comunicação de Massas, e presença marcante na superestrutura de Estado, quer se apropriar,também, do discurso estudantil secundarista e universitário, relativizando tudo às máximas da despolitização e do neoliberalismo.
    Triste isso, mas sinal dos tempos!

    Rick

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  2. frequento a UFRGS a alguns anos, trabalhar e estudar na UFRGS e uma tarefa complicada, mas escutando muitos colegas discutirem (sobre qualquer coisa) e impressionante o desconhecimento, o achismo, o balizamento em cima de manchete de jornal, a falta de leitura, a falta de crítica e o que e pior o desinteresse, principalmente politica. Quanto as divergencias sobre a esquerda, Marx deve estar se revirando no túmulo, este e um triunfo que a direita sempre conta.
    Mas, a luta continua, nossa atenção tem de se voltar tambem para o ambiente escolar e abrir o debate com a gurizada, juntar-se com eles e assim avançar no campo social.
    O contrario, preparar-se para pagar mensalidade em universidade pública ou tercerizarem a mesma.

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  3. E o engraçado era que a tal chapa se apresentava como "chapa apartidária"... Bem coisa da nossa "direita enrustida". Quando me falaram disso,disse na hora: chapa apartidária não existe, isso é chapa de direita que tem vergonha de falar que é de direita.

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  4. É um fenomeno que está acontecendo na juventude brasileira, jovens de 15 a 18 anos, ou até mais, estão se tornando cada vez mais conservadores, talvez por não conhecerem as lutas do passado e tudo que foi conquistado com elas. Se essa guinada à direita continuar, corremos o risco de ter um Brasil fascista no futuro.

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  5. Lindíssima análise do Miguel.
    Bravo Miguel!

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  6. Não se reza para SANTO DO PAU-OCO não se sabe o que tem dentro. Pena que neste caso é muito bem sabido. O pessoal da esquerda se dividiu e estes APARTIDÁRIOS de meia tijela levaram... Estudo na UFRGS e tenho colegas que votaram na YEDA ... pode!!!

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  7. Para de criar fantasia!
    A RBS sempre cobriu todas as eleições para o DCE. Sempre!
    O PT/PDcoB fez míseros 300 e poucos votinhos na UFRGS.
    É exatamente porque a esquerda fica "inventando" argumento fantasioso do tipo "RBS apóia a direita" que a esquerda está perdendo espaço.
    Não dá prajustificar derrota com fantasia e não fazer autocrítica.
    Ao contrário de outros momentos históricos, hoje a esquerda está se aliando a ditaduras e a direita defendendo a transparência e a democracia.

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