Apesar de Zé H tratar o tema como "trabalho degradante", o que os fiscais do Ministério do Trabalho descobriram no dia 6 de março foi puro trabalho escravo no Rio Grande do Sul. O grupo veio do Maranhão e trabalhava em regime de escravidão numa fazenda em Bom Jesus, nos Campos de Cima da Serra. Os trabalhadores submetiam-se a um acordo pelo qual não tinham o vínculo registrado em carteira e eram pagos pela intermediária, que ficava com cerca de 30% do que cobrava do produtor. Os agricultres dormiam no chão, sem banheiro e sem refeitório e provavelmente seriam descartados em alguma periferia de uma grande cidade.
O PIG não fala em trabalho escravo porque isso estimula a idéia de que toda a propriedade que possui trabalho escravo deveria ser desapropriada para fins de reforma agrária. Aliás, lei que ainda o Congresso não votou por temer a desapropriação de centenas de fazendas de multinacionais , pois essa situação é mais comum do que nó pensamos, tanto aqui quanto no resto do Brasil.
Não adianta o fazendeiro regularizar a situação dos trabalhadores, pagar verbas rescisórias e assegurar condições de retorno do grupo ao seu local de origem. Precisa ser punido pela perda de suas terras pela prática nojenta da escravidão, que na lei foi abolida a mais de 100 anos, mas que na prática aumenta a cada ano no Brasil, estimulada pela concentração de terras nas mãos do agronegócio e das multinacionais.
Estive recentemente na Serra gaúcha e pude comprovar a diferença de tratamento com os trabalhadores safristas. Lá, na vindima, os trabalhadores são tratados dignamente, com uma boa diária, alojamento e boa alimentação. E não é raro que o dono da propriedade almoce ou jante com os trabalhadores. Parte desses safristas são oriundos da empobrecida fronteira gaúcha, local com a maior concetração de terras improdutivas do país, ao contrário da serra gaúcha, que já fez sua reforma agrária há 100 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário