26 de abr. de 2010

A grande irmandade

No sábado o Partido Progressita (PP) realizou sua pré-convenção no teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa. Na fachada do prédio havia um gigantesco estandarte com o símbolo do partido. O centro da sigla foi substituído pela foto de Ana Amélia Lemos, pré-candidata ao senado pelo partido no Rio Grande do Sul.

Essa imagem me fez relembrar minhas aulas de semiótica na faculdade, onde aprendemos a interpretar os signos e os ícones. No caso do ícone Ana Amélia estampada no lugar do signo do partido há uma relação direta de semelhança entre ambos e o que representam.

Para os mais jovens que ainda não sabem, o atual PP era a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) o partido da ditadura militar no que restara do combalido Congresso Nacional. Após a abertura democrática, por necessidade de sobrevivência, a sigla se camuflou e se tornou o PDS. Se você hoje pode sair à noite, se reunir em grupos (galeras), votar e protestar nas ruas ou até mesmo pela internet, agradeça ao fim da ditadura militar.

Mesmo com outra roupagem, mas com o mesmo conteúdo, a minha geração pós-ditadura foi denunciando os lobos em pele de cordeiro e dando o troco nas urnas. Aos poucos o PDS foi perdendo representação eleitoral e novamente foi obrigado a trocar de pele , tornando-se o atual Partido Progressita (PP). Além do PP, os velhos coronéis da política nacional criaram o PFL, também filho da Arena, e que para sobreviver se camuflou, e hoje é o DEM de Agripino Maia e ACM Neto.

Passados quase 25 anos do fim da ditadura, outras gerações começam a ser protagonistas nessas eleições, mas estas pouco sabem do passado destas agremiações políticas que representaram o atraso econômico e social de nosso país mais mais de duas décadas. Aproveitando isso, em 2010, o PP, na minha opinião, aposta todas suas fichas no refortalecimento de suas bancadas na Assembleia, na Câmara e principalmente no Senado, garantindo com isso os interesses das elites e dos governos, sejam eles quais forem.

O ícone da imagem de Ana Amélia fincada no centro da sigla partidária do PP na pré-convenção só demonstra que para nossas elites não importa o partido, não importa a sigla e nem mesmo a pessoa. Importa sim é que defendam os interesses da bancada ruralista, do agronégocio, do PIG e de grandes setores neoliberais da economia nacional. Eles são antigos irmãos da ditadura e membros de uma mesma família, mas que em época de crise (para eles) e principalmente nas eleições se unem em irmandade na busca de ícones que os representem, e que sejam afinadas com seus projetos.

7 comentários:

  1. Brilhante o raciocínio...aliás, muito intrigante um partido tão Grande como o PP que tem 200 e poucos prefeitos...milhares de vereadores...e não chega a nenhuma eleição com um nome que possa concorrer a governador (a)...intrigante isso né...um partido que é uma mera prostituta do poder...em negociatas e maneiras sujas...

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  2. Está no Correio do Povo de hoje que uma das lideranças do PP discursou que "Ana Amélia tem o DNA da Arena e do PDS". Perderam a vergonha, de vez.

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  3. A penetração de Ana Amelia em pessoas acima dos 40 anos é preocupante.
    O Paim que se cuide...

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  4. Também foi PPR lá por 1992.

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  5. um bando bem organizado sempre preparado para ocupar as prefeituras eo DETRAN.Sabem o que fazem são profissionais da politica e vivem dela..Não tem projeto para o Estado..tem projeto para o grupelho

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  6. Pois é Kiko tudo isso é verdade. Quando nos idos de 80 o Raul entrou en terceiro lugar na disputa da prefeitura em que ganhou o Colares batendo o PDS que entrou em quarto se cantou na antiga sede municipal do PT ali junto ao viaduto que leva a Salgado Filho "O povo não esquece, acabou o PDS" te lembra? Saudades do PT daquela época pois hoje quando me lembro que o Lula dispensou o Olivio para entegar o Ministerio das Cidades ao PP sucessor dda Arena e do PDS é de chorar... o mundo mudou mesmo... a tal ponto de quem sabe a Ana Amelia e o Rigoto tirarem o senado do Paim. Mas o PT e Lula criaram isso então...

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